Pequenas barragens de água, comumente conhecidos como lagos, lagoas, ou açudes, são estruturas artificiais de acúmulo de água muito utilizadas em propriedades rurais em todo o território nacional.
Como já abordamos aqui no blog, o represamento de um curso d’água para sua utilização como paisagismo, abastecimento humano, dessedentação animal, geração de energia, lazer, entre outros usos requer uma Outorga do órgão competente, que irá analisar a possibilidade ou não deste represamento.
Contudo, é muito comum encontrarmos em zonas rurais, represamentos sem a devida autorização, o que pode representar um grande perigo ao ecossistema e às populações que vivem a jusante (parte mais baixa) do rio, isso devido ao fato que, no processo de outorga, é apresentado um projeto técnico de construção contendo estruturas que permitirão a mitigação desses impactos.
A construção de barragens geralmente se inicia com a escolha da área com melhores características, de modo que a própria conformação do terreno sirva de estrutura de contenção para acumular o volume desejado conforme o uso pretendido.
Enquanto o acúmulo em excesso da vazão do rio pode gerar conflitos pelo uso da água por parte da população que vive a jusante e interferir na dinâmica hídrica daquele ecossistema, o baixo volume acumulado não trás o benefício de regularização de vazões mínimas do rio nos tempos de seca.
No vale escolhido é então construído o maciço ou crista do barramento, estrutura responsável por acumular a água até níveis superiores de acordo com sua altura. Essa estrutura leva em consideração o volume que se deseja acumular, a onda de cheia produzida por grandes chuvas, e folga que queira se manter de forma que a água não passe por cima dessa estrutura, o que pode causa o rompimento do maciço.
Estrutura comumente utilizada para barramentos maiores, o extravasor lateral é projetado na própria crista, e serve como um canal que permite a passagem do excesso de água das grandes cheias provenientes das chuvas de maior intensidade, mantendo o nível d’água máximo desejado e amortecendo as ondas de choque no barramento.
Já a estrutura conhecida como desarenador é a responsável por permitir o escoamento da água represada para o curso normal do rio durante todo o ano e regular a vazão mínima de escoamento. Essa estrutura é geralmente composta por um vertedouro (comumente conhecida como monge) seguido de uma tubulação que atravessa a crista do barramento até o nível do rio. Há ainda outras estruturas que permitem o escoamento de fundo, como caso das tulipas.
Todas essas estruturas, quando bem projetadas, protegem a crista do barramento contra o galgamento (quando a água passar por cima do maciço) diminuindo os riscos de rompimento, permitem a passagem da água para o curso natural do rio, e regulam vazões, de modo que, mesmo no período de seca, o corpo d’água continue com uma vazão mínima de água.